Cartilagem do joelho
Foto de uma peça anatomica do joelho. A área branca da figura é a cartilagem que recobre os ossos do joelho
O que é a Cartilagem do joelho?
A cartilagem normal do joelho é um tecido de 2 a 5 mm de espessura que recobre os ossos que formam o joelho (fêmur, tíbia e patela). A principal função desse tecido consiste em amortecer as forças atuantes no joelho e também de diminuir o atrito entre os ossos do joelho.
A cartilagem é pobre em vasos sanguíneos e as suas células (condrócitos) tem baixa capacidade de duplicação. Isso faz com que as lesões da cartilagem tenham baixo potencial de regeneração espontânea.
O que é a lesão da cartilagem do joelho?
A cartilagem do joelho pode sofrer ruptura de sua estrutura devido problemas da articulação como luxação, torção, fraturas, desalinhamentos dos membros inferiores ou mesmo por doenças específicas como a osteocondrite dissecante e a necrose avascular. A figura demonstra a lesão da cartilagem identificada durante a cirurgia.
Quais os graus da lesão da cartilagem?
A lesão da cartilagem do joelho pode ser classificada em 4 graus:
- Grau 1: lesão superficial com amolecimento da cartilagem sem fissura evidente.
- Grau 2: Lesão parcial acometendo até no máximo 50% da espessura da cartilagem
- Grau 3: Lesão parcial acometendo mais de 50% da cartilagem sem acometer o osso.
- Grau 4: Lesão total com acometimendo do osso abaixo da cartilagem. Conheça o site da ICRS
O que sinto com a lesão da cartilagem?
Muitas lesões de cartilagem não apresentam nenhum sintoma ou se manifestam com sintomas muito tênues. Geralmente, as lesões iniciam com sitomas como crepitação, “rangidos”, estalidos e discreto desconforto no joelho. Com o progredir da lesão, a dor pode ficar mais intensa com episódios de inchaço no joelho, bloqueios ou travamentos súbitos da articulação, limitando as atividades esportivas e atividades da vida diária do paciente.
Como descobrir a lesão da cartilagem?
O melhor exame de imagem disponivel para diagnosticar as lesões de cartilagem é a ressonância nuclear magnética. A radiografia convencional também é importante para avaliação da extensão da lesão para o osso. A Radiografia panorâmica dos membros inferiores também é fundamental na avaliação do alinhamento dos membros inferiores do paciente, pricipalmente nos casos dos pacientes que apresenta joelho “arqueado” (geno varo) ou joelho em “X” (geno valgo).
A artroscopia (cirurgia por vídeo do joelho) também pode ser considerada como parte importante do diagnóstico, pois consegue analisar com maior precisão a extensão da lesão.
Qual o tratamento para lesão de cartilagem?
Geralmente, prefere-se o tratamento não cirúrgico nas lesões grau 1 e grau 2. O tratamento baseia-se na diminuição das atividades físicas, perda de peso bem como o início de fisioterapia específica. O objetivo inicial é realizar um equilíbrio muscular e tendíneo mediante alongamento e fortalecimento da musculatura ao redor do joelho.
Caso ocorra a falha do tratamento conservador ou nos casos de lesões grau 3 e 4, opta-se pelo tratamento cirúrgico. Atualmente, existem diversas técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento das lesões de cartilagem que discutiremos a seguir.
Tratamento com microfratura
Este tratamento é reservado para as lesões pequenas (< 2 cm2) . O objetivo é de realizar pequenos furos no osso abaixo da cartilagem para estimular o sangramento no local.
O sangramento irá formar um coágulo e um um tecido conhecido como fibrocartilagem. Esse tecido formado tem propriedades e funções parecidas com a cartilagem original.
No entanto, este tecido formado apresenta durabilidade reduzida em relação a cartilagem original.
Veja animação sobre microfratura da American Orthopaedic Society for Sports Medicine (AOSSM).
Desenho esquemático do tratamento pela técnica de microfatura.
Transplante autólogo de cartilagem (Mosaicoplastia/OAT)
Este transplante é indicado para o tratamento de lesões de cartilagem de tamanho pequeno e médio (2 a 4 cm2).
O objetivo é de realizar a retirada de cilindros de cartilagem de área “menos importante” do joelho do paciente e transplantar para área “mais importante”.
A região doadora pode ser o próprio joelho lesado ou o joelho contra-lateral do paciente.
A grande vantagem desse método decorre do fato de cartilagem hialina com características muito semelhantes da cartilagem original poder ser transplantada para a área lesada.
Recentemente, estamos realizando um estudo em parceria com a Universidade de Manchester (Inglaterra) a fim de analisar e comparar este tipo de cirurgia com a microfratura.
A mosaicoplastia mostrou claras vantagens de durabilidade em relação a microfratura, porém mais estudos com maior número de pacientes são necessários para esclarecimento. Acesse o estudo pelo link.
Veja animação sobre mosaicoplastia/OAT (AOSSM)
Desenho esquemático do tratamento pela técnica mosaicoplastia. A região azul é a área doadora e a região cinza é a área lesada que foi tratada.
Transplante de condrócitos
O transplante de condrócitos é indicado para lesões de tamanho médio e grande (> 2-4 cm2). No momento, este procedimento ainda não esta disponível no Brasil. A desvantagem desta cirurgia é que requer duas cirurgias com intervalo de 4 a 6 semanas entre cada uma.
Na primeira cirurgia, realiza-se uma artroscopia (cirurgia por vídeo) para poder coletar um fragmento de cartilagem. Este fragmento é levado ao laboratório e cultivado a fim de se obter o número de células necessárias para o reimplante.
A segunda cirurgia é uma cirurgia aberta na qual é realizado uma costura de uma membrana acima da lesão. Abaixo desta membrana, é injetado o conteúdo líquido contento as células cultivadas em laboratório. As células irão se multiplicar e produzir o tecido de cartilagem que pode demorar até um ano para maturação do tecido.
Foto da cirurgia. A lesão da cartilagem é identificada e toda a lesão é removida durante o tratamento
Foto do joelho durante a cirurgia. Após costurar a membrana é injetado o líquido com as células cultivadas
Transplante à fresco de doador de órgãos
Esta cirúrgia é indicada em casos de lesões grandes ou na falha das cirurgias anteriores. Basicamente, é necessário obter um tecido de um doador de órgãos semelhante ao método de transplante de órgãos como Rim e Fígado.
A vantagem desta técnica é que se consegue transferir cartilagem hialina do doador sem limitação de tamanho como na mosaicoplastia. Além disso, conseguimos retirar a cartilagem do doador exatamente do mesmo formato e contorno da região lesada no paciente.
Assista a uma cirurgia real de transplante de cartilagem no joelho
Assista a uma cirurgia real de transplante de cartilagem no tornozelo
A figura demonstra uma lesão grande devido a falha do transplante de condrócito. A lesão é preparada num formato circular. A cartilagem do doador é retirada adequadamente e o aspecto final do transplante é mostrado na figura.
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